Ora então o que é que somos nós afinal? Em primeiro lugar nenhuma de nós se conhece realmente a si nem às outras, sabemos só que temos uma coisa em comum: somos umas perdidinhas e tão inuteis que até dói. Mas agora vamos por isso de parte, até porque tentamos nem nos lembrar desse facto para não nos perdermos nem inutilizar-nos mais. Portanto, no fundo, acabamos por ser aí umas três ilinas, cada uma de igual importância, ou melhor, cada uma de igual sem-importância. A primeira ilina é aquela ilina normal, normal de todo, que faz tudo o que os outros fazem, que está no mundo com todos e como todos, aquela que age e pensa para se ir safando das circunstâncias ditas da vida e tal. É a parte ilinóide mais irracional talvez. É a parte que procura responder aos padrões estabelecidos, que procura enquadrar, adaptar-se. De um ponto de vista prático esta ilina é a que tenta ir à escolinha para tirar um curso para depois poder trabalhar, para poder ganhar dinheiro para comer (e beber) comprar casinha, ou não, carrito, e todas as outras coisas que se acha que se precisa para se sobreviver. É a ilina que quer parecer bem, que muitas vezes concorda com tudo para bem parecer, a que acaba até por ir às compras para se vestir de forma minimamente aceitável, a que toma banho para não cheirar mal, a que tenta cortar o cabelo para que não aparente um aspecto de náufrago (ainda que seja em casa à tesourada e para o lavatório ou para o bidé); é a que pinta as unhas, a que pede dinheiro aos pais para fazer o que se tem a fazer, é a que sai, que vai ao cinema, a que vai para a noite, a que bebe (mesmo que mande fora o que bebeu), a que até consegue ver, por exemplo, os morangos com açucar de vez em quando. É portanto a ilina mais oca, a acomodada, a mais cobarde, mas desde que haja estas mínimas coisas para ela está tudo bem. A segunda ilina é a que pira de vez em quando, a que se passa da cabeça mas ninguém sabe. A esta ilina a primeira não compreende, por vezes é embaraçada por ela, mas, contudo, não se dão mal de todo uma com a outra. É uma ilina estranha, que tem comportamentos estranhos, pensamentos estranhos e desejos estranhos. A terceira ilina, enfim, é a que vai pensando em coisas de vez em quando, a única que justifica a existência das três. Por outro lado, a que aparece mais raramente.
2 comentários:
nem tas mal de todo!
continuas a mesma ana...
o k importa é o k esta dentro... k neste casa é lindo! Logo, continuas linda e maravilhosa!!
LOOL
^^
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